04 novembro 2017

DISTÂNCIA SEGURA


“É importante cuidarmos de nosso bem-estar e buscarmos formas de nos protegermos. Entretanto, precisamos nos manter atentos para não descuidarmos de nossas relações.”

Uma maneira de nos mantermos tranquilos a respeito de algo é nos distanciarmos. Enquanto criança somos levados a um aprendizado que possibilita nos protegermos daquilo que nos oferece algum tipo de perigo. Isto é, não nos expormos a alturas perigosas entre outras situações.
Não podemos nos esquecer, porém, da proteção relacionada ao nosso bem estar psíquico e emocional. Sendo assim, encontrar formas de defender a manutenção desse bem estar, está de certa forma inerentemente relacionado à continuidade de nosso existir. Pois, somos amparados o tempo todo por nosso aparelho psíquico, o qual se mobiliza nos momentos de maior dificuldade no intuito de nos manter equilibrados o máximo possível.
A psicóloga e autora Lídia Rosenberg Aratangy afirma haver um tipo de mecanismo para nos tranquilizar e ajudar a viver com alguma sensação de segurança num mundo abastado de perigos. Tal mecanismo, segundo a psicóloga, consiste em dividir a humanidade em duas partes: nós e os outros. Ou seja, ao nos colocarmos aparte de todos os outros salvaguardamos a distância e, com isso, “garantimos” nossa segurança.
Contudo, tal segurança pode tornar-se contraditória ao considerarmos o fato de nos construirmos como seres existentes na medida em que nos relacionamos com os outros. Então, estabelecer tal separação entre nós e o resto do mundo pode nos colocar numa situação, futuramente, inconveniente.
É extremamente importante cuidarmos de nosso bem estar e buscarmos formas de nos protegermos. Entretanto, precisamos nos manter atentos para não descuidarmos de nossas relações, tendo em vista residirem nelas nossas possibilidades para novas oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Sendo assim, fixar distâncias seguras do que pode nos prejudicar é essencial. Contudo, é preciso ter cautela com esse processo, para ao final não nos encontrarmos carentes do desenvolvimento de mecanismos os quais permitam nos relacionarmos com o outro (seja esse outro algo ou alguém) de modo satisfatório. Pois, a mesma distância que nos protege pode transformar-se em obstáculo.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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