11 maio 2012

CERTEZAS

Sempre que estamos em busca de garantias, em algumas ocasiões, podemos nos ver em situações demasiadamente frustrantes. Vivemos almejando certezas, no entanto, como destaca a psicóloga Lídia Rosemberg Aratangy: “a vida não dá garantia de nada”. Ou seja, dispensamos uma boa parte de nosso tempo em busca de algo, quiçá impossível. Sendo assim, ao não ser possível obter garantias da vida, onde se pode encontrá-las? O que fazer para nos sentirmos seguros diante de tanta incerteza? Experimentamos, diariamente, circunstâncias nas quais se destacam a fragilidade de nosso existir. Seja ela em termos da continuidade de nossa vida ou mesmo da permanência em determinado lugar ou status. A mesma autora salienta que viver é correr riscos. Isto é, se não é possível conseguir garantias havemos de nos arriscar para, desse modo, possibilitarmos a nós mesmos um maior número de oportunidades. Remetendo-nos ao filósofo Martin Heidegger, ele afirma existirmos quando nos relacionamos. Pode estar, então, nas relações estabelecidas por nós a possibilidade de experimentar alguma “certeza”. Ou, ao menos, “garantirmos” alguma companhia para nossas empreitadas. A todo o momento podemos nos deparar com alguém sofrendo a dor da solidão. Essa pode ser momentânea ou prolongada. O fato é que tal solidão pode também ser concreta, estarmos realmente sem nenhuma companhia, ou apenas sentida, isto é, experimentarmos a sensação de não podermos contar com ninguém mesmo quando cercado de pessoas. No entanto, ao nos sentirmos sós, isto é, quando nos encontramos em alguma posição na qual algum “apoio” nos possibilitaria uma disposição da qual não somos capazes de encontrar sem ajuda, incorremos na chance de nos percebermos frágeis. Tal fragilidade pode acarretar a perda da capacidade de “vermos” com maior clareza as possibilidades que temos, bem como com quem podemos contar. Portanto, diante da “impossibilidade” de obter garantias ou de obtermos certezas, o que podemos nos proporcionar é a abertura para o contato. Entregarmo-nos de modo absoluto às relações estabelecidas cotidianamente para, então, vislumbrarmos de modo mais límpido as alternativas disponíveis. Porém, a ideia de nos entregarmos a alguma relação pode, em um primeiro instante, nos amedrontar devido à possibilidade de exposição que isso pode ocasionar. Mas, se desejamos nos aproximar de um existir o qual nos proporcione algum tipo de realização, não podemos nos distanciar do fato de haver necessidade do risco. Pois, sem garantias e condenados a optar por essa ou aquela direção, o poder contar com alguém que nos acompanhe parece ser o modo mais “adequado” de darmos continuidade ao nosso existir e ampliar, como assevera Heidegger, nossas possibilidades.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

2 comentários:

  1. Amiga os dois textos nos oportuniza enxergar nosso existir e nossas possibilidades como um processo dinâmico de humanização. Em um poema digo: Eu não entendo...
    um mundo que quer caminhar, transformar
    acreditando cegamente nas certezas
    sem compreender as incertezas humanas
    um abraço
    maria

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    1. Maria, seus comentários são sempre muito bem vindos!!1
      Obrigada pelos acréscimos e pelo seu carinho.
      Beijos.

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