04 janeiro 2013

ANGÚSTIA E DEPRESSÃO


A psicóloga e escritora Lídia Rosenberg Aratangy em seu livro “Doces Venenos” afirma ser impossível acabar com a angústia e com a depressão. Segundo ela, esses sentimentos fazem parte da bagagem humana e são passagens obrigatórias no percurso de um desenvolvimento normal. Não são desvios da rota, mas parte de um trajeto. É uma das condições de estar vivo.
Essa afirmação da psicóloga nos leva a refletir sobre a importância de situações as quais nem sempre constituem algo agradável para nós. Mas, que assumem um grau de importância em nosso existir tanto quanto os momentos prazerosos.
Há ainda uma ideia a respeito do sofrimento, o qual o configura como sendo algo a ser evitado a todo custo. É óbvio não querermos experimentar dor de nenhuma ordem, especialmente a emocional. No entanto, se esses momentos fazem parte de um desenvolvimento necessário, então, talvez seja preciso modificar o modo como lidamos com essa condição da nossa trajetória rumo ao crescimento pessoal.
Ou seja, tratar a angústia e a depressão como simples malefícios a serem combatidos pode nos levar a perder oportunidades especiais de desenvolvimento. No filme “Batman Begins” um personagem afirma o motivo pelo qual “caímos” é para nos tornarmos aptos a nos levantar. Isto é, não desejamos “cair”, mas “caímos”. Então, se estamos sujeitos a tal possibilidade, essencial se faz um movimento nosso em prol de aprendermos como lidar com tal condição.
Contudo, ao conduzirmos nossa interpretação em relação aos momentos os quais nos leva a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, também permitiremos a essa interpretação alcançar mais de um modo de compreensão, e poderemos nos orientar de modo a refletirmos a respeito do que nos angustia ou deprime.
Assim, nos capacitaremos a agir em prol de um conhecimento individual e exclusivo acerca de nós mesmos. Habilitar-nos-emos, desse modo, a gerirmos a trajetória do desenvolvimento pessoal ao qual somos impelidos.
Portanto, sempre que nos colocamos em posição de permitir o contato com algo o qual possibilite nosso crescimento, ampliamos nossa compreensão acerca de nós mesmos. E, também, participamos de modo ativo de nossa capacitação para o suporte necessário para lidar de modo mais brando e amigável com a angústia e a depressão.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

2 comentários:

  1. Excelente pontuação. Acho que isso faz parte da "ditadura" da felicidade que vivemos na sociedade contemporânea. Parece que as pessoas, necessariamente, precisam estar o tempo todos felizes e bem, não se permitindo ficar tristes, mesmo quando esta se faz necessária em um processo. Camufla-se, varrendo para debaixo do pano, acumulando desta forma, as angústias, o que possivelmente reverte-se de forma patológico.

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    1. Olá Luciana!!
      Muito obrigada por seu comentário!!
      É muito bom poder ter acesso a essa reflexão.
      Com certeza ditaduras e situações da contemporaneidade podem nos escravizar e obscurecer nosso discernimento.
      Um grande abraço e obrigada.
      Márcia.

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