08 março 2013

O LADO BOM DA VIDA


A referência ao lado bom da vida pode conduzir nosso pensamento a locais de veraneio, reuniões com amigos, viagens agradáveis, entre tantas outras situações as quais nos remetem a lembranças ou planos, de ocasiões em que experimentam-se prazer e contentamento.
No entanto, o filme em cartaz nos cinemas: “O lado bom da vida”, nos apresenta, logo em seu início, uma situação pessoal e familiar a qual se opõe a ideia que o título incita em nossa imaginação. Um rapaz com problemas psiquiátricos e com uma situação pessoal bastante conturbada, devido a eles, retorna ao convívio com os pais. Contudo, contradizendo as expectativas, o ambiente familiar não aparenta ser o local ideal para o sucesso da melhoria do jovem. E, ainda, na tentativa de ajuda em seu processo de recuperação, suas amizades o levam ao contato com uma jovem também em reabilitação de um problema psicológico.
As relações que permeiam a vida deste jovem induzem à conclusão da impossibilidade em aventar-se sua recuperação a contento. No entanto, após diversos contratempos, a jovem amiga do rapaz o leva a um outro modo de olhar para os acontecimentos a sua volta. Ao permitir-se um olhar diferente do ocorrido até então, o jovem torna-se “capaz” de perceber – o lado bom da vida.
O filme reafirma uma questão há muito ressaltada: o que é bom? Qual seria o lado bom em se viver? Abraham Maslow, psicólogo, propôs uma hierarquia de necessidades que seriam importantes para ser possível encontrarmos um equilíbrio psíquico. Isto é, estando tais necessidades satisfeitas estaríamos aptos a cuidar de nossas questões emocionais. 
É comum estabelecermos como primordial o alcance de algumas metas para nos sentirmos felizes; e essas metas, em sua maioria, estão de acordo com as necessidades sugeridas por Maslow. Contudo, elas podem ocupar nosso tempo e energia, a tal ponto de nos privar de olhar para o que de bom se apresenta no momento.
Ao oferecermos um olhar um pouco mais generoso à nossa realidade, temos a chance de nos tranquilizarmos em relação aos nossos sonhos e planos. Heidegger salienta estar o adoecer conectado ao nosso distanciamento do presente. A história do filme denota a importância em apreciarmos nossas possibilidades atuais e, então, nos habilitarmos a ampliar nossas alternativas.
Quando nos permitimos refletir acerca de nós mesmos damos lugar a uma chance de proporcionarmo-nos a amplitude de nosso rol de oportunidades. Pois, ao mudarmos o modo como divisamos determinadas situações, somos capazes de vislumbrar desfechos diferentes para elas. E, assim, possibilitarmos suscitar “o lado bom da vida”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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