24 maio 2013

ANSIEDADE E O "EU"

É comum perceber-se, nos dias de hoje, alguém experimentar certo “desespero” por não estar presente em algum lugar em determinado momento. Ou, se algo acontecer sem a sua presença, ou o que é ainda pior, sem sua participação.
Atualmente um tema bastante em voga é a ansiedade e suas consequências complicadoras nos relacionamentos diversos. Porém, não se pode deixar de atentar para atitudes egoístas as quais permeiam muitas situações relacionadas à ansiedade. Isto é, o sentimento experimentado em não estar presente em determinado evento, pode apenas representar a dor conectada à preocupação consigo mesmo ao “perder” algo que outro alguém possa usufruir.
Numa sociedade individualista como a atual e que resvala no hiperindividualismo, termo difundido pelo sociólogo e escritor Zygmunt Bauman, presenciamos atitudes detonadoras de uma grande desatenção no que diz respeito ao outro. O autor afirma que algo somente irá nos interessar se o evento estiver conectado diretamente a nós.
Em algumas ocasiões pode-se perceber alguém conversar com outra pessoa, mas sem a “ouvir”. Ou seja, há um diálogo, mas a atenção está voltada somente para si mesmo, ao ponto de quando o assunto não diz respeito diretamente a ela própria ocorrer um “desligamento” da atenção. E assim, nenhuma informação referente ao tema diferente do “Eu” é assimilada.
Devido aos conclames sociais atuais podemos ser levados a assumir um modo de ser voltado para nós mesmos. No entanto, se não houver um cuidado a esse respeito, corre-se o risco em dar vazão a uma atitude egoística, muitas vezes inclusive egocêntrica, que conduz a uma forma de relacionar-se na qual o outro assume papel secundário. Ao ponto de não nos interessar seus interesses, desejos e quiçá acontecimentos relacionados exclusivamente a “ele” ou “ela”.
Sendo assim, um exercício no intuito de perceber o outro de modo mais eficiente, pode constituir uma boa possibilidade de estabelecer relacionamentos para satisfazerem de modo mais eficaz nossa necessidade de completude. E, desse modo, experimentar-se em um número bem mais reduzido de vezes a ansiedade, que pode estar conectada a sensação de distanciamento nos relacionamentos que não representam ligações seguras.
Lamentamos sensações de solidão e incompreensão. No entanto, pode ocorrer de estar em nós e não no outro a possibilidade de mudar a forma como nos relacionamos, de modo a proporcionar sensações de completude mais eficientes e duradouras nos relacionamentos diversos que estabelecemos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

6 comentários:

  1. André Guina24/5/13 12:14 PM

    Ótimo texto. Explica alguns sentimentos que tenho com relação às minhas ansiedades.

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    1. Que bom que gostou André!!!
      Na verdade explica muitas das ansiedades de todos nós!!!
      Muito obrigada pelo retorno.
      Beijos e bom dia!!

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  2. Como sempre, perfeito! Ouvir, ver, escutar, observar, sentir, me colocar no lugar do outro. Faz diferença. Saudades Mestra. Fiquem com DEUS

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    1. Obrigada Normando!!
      É sempre muito bom ter seu retorno!!
      Abraço e boa semana!
      Márcia.

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  3. Com o seu texto me veio algumas questões a cerca do meu recém relacionamento. Discuti com meu parceiro porque ele não me ligou e ele me respondeu:.."mas você também não me ligou...". Fiquei pensando se é egoísmo meu esperar ele demonstrar mais proatividade, ou se eu posso fazer mais vezes essas demonstrações :/

    Parabéns Márcia..

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    1. Algo importante em se ter em mente é que sempre há trocas nos relacionamentos, sejam de qualquer natureza.
      Então, se nos conscientizarmos disso, estaremos sempre recebendo, esperando receber, mas também, oferecendo.
      Abraço.
      Márcia.

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