13 junho 2014

MORRER X VIVER

Nos amedrontamos diante da possibilidade de falência de nosso corpo. Mas será esse o único modo pelo qual morremos? O que ocorre no processo de nosso existir que podemos experimentar a sensação de algo ter chegado ao seu fim?
Segundo o filósofo Heidegger experimentamos a angústia devido à certeza de nossa finitude. Por isso, nos apegamos a rotinas e planos diversos na ânsia de amenizarmos, ou mesmo nos afastarmos “definitivamente”, da possibilidade de morrermos. Porém, nos esquecemos, neste ínterim, de que podemos sentir a morte mesmo em pleno vigor de nossa saúde física.
Deixar de sonhar, por exemplo, pode constituir um tipo de “morte”. Isto é, se nos permitirmos apenas viver a rotina diária, aquela mesma que nos auxilia a esquecer nossa finitude, nos apegamos a algo que pode nos impossibilitar a vivência de uma existência plena.
Diante disso, podemos nos colocar em condição de sentir frustrações diversas e, em muitas ocasiões, totalmente veladas de nosso conhecimento. De tal modo, que nem mesmo percebemos o quanto abdicamos de nossa vida, por algum motivo que, em muitos casos, nem notamos.
Talvez seja importante oferecermos a nós mesmos oportunidades de um olhar mais acurado para o que realmente desejamos e, desse modo, permitirmos que nosso olhar possa reassumir uma direção na qual experimentamos a sensação de existirmos e não apenas vivermos.
Nem sempre somos capazes de detectarmos, em um primeiro momento, o que nos aflige. Contudo, ao nos permitirmos o cuidado conosco, ampliamos a possibilidade de encontrarmos uma maneira de amenizarmos angústias, as quais podemos não saber a maneira como fazê-lo.
Sendo assim, atentos à nossa existência, nos colocamos em uma posição que pode nos conduzir a alguns dissabores, entretanto, também pode nos levar a experimentar satisfações imensuráveis.
Portanto, sempre podemos escolher nos afugentarmos, mas ao seguirmos na direção oposta aa essa, possibilitamos a oportunidade de experimentarmos sensações que podem se tornar, porventura, indescritíveis.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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