10 abril 2015

PERDÃO

Talvez uma tarefa das mais difíceis pode consistir a de perdoar. Há quem experimente extrema dificuldade em desculpar, inclusive, os próprios erros. Ou ainda quem não seja capaz de suportar uma falta cometida contra si. Importante nesses momentos pode ser uma reflexão a respeito do significado do erro, bem como o que representa desculpá-lo.
Nas muitas ocasiões em que conseguimos perdoar podemos, ainda, experimentar algum tipo de desconforto. Alimentamos a ideia de que o perdoar permite nos esquecer de todo o ocorrido. Porém, esquecemos que além da dor há um significado para o acontecido. E se não nos dispusermos a refletir sobre ele, o desconforto pode levar mais tempo do que desejamos para ser amenizado.
Então, ao nos propormos a lidar com algo que consideramos “agressivo” para nosso bem estar, é necessário assumirmos o compromisso com a verdade a respeito desse fato. Tanto em relação ao acontecimento em si como ao seu significado para nós e para as relações nele envolvido, se faz relevante a busca de uma ampla compreensão a respeito do ocorrido, incluindo o conhecimento acerca das nuances relevantes e ao que a situação denota.
Vivemos em relação ao tempo e sua representação varia para cada um de nós e para cada momento vivido. Não é raro alguém relatar a velocidade do tempo quando vivenciando algo prazeroso, bem como sua lentidão quando experimenta-se algo desagradável. Sendo assim, podemos concluir que o tempo está relacionado com o significado dele para cada um, de modo particular.
Do mesmo modo nossa história adorna cada nuance de nossas experiências, permitindo que a signifiquemos de modo individual e particular a cada momento vivido. Por isso, se faz de suma importância que ao nos propormos a lidar com algo que proporcione algum desconforto para nós ou para outrem, também nos permitamos um olhar acurado para o significado de cada pormenor envolvido nesse “algo”.
Assim, estaremos assumindo uma postura amadurecida em relação a qualquer sofrimento envolvido no processo de algo desconfortável. E o lidar com ela de maneira que a solução para o ocorrido não se transforme em um novo dilema.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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