17 abril 2015

ESCOLHAS X CONSEQUÊNCIAS

Um jovem querendo desafiar a sabedoria de um velho sábio planeja esperá-lo em determinado ponto do caminho e lhe perguntar se um pássaro que tem nas mãos está vivo ou morto. Se o sábio afirmar que o pássaro está vivo ele o esmaga, se a resposta for que está morto ele então o apresenta vivo. Quando o tal sábio aparece no caminho, o rapaz coloca em ação seu plano. E a resposta do sábio é: o destino deste pássaro está em suas mãos.
Para o filósofo Jean Paul Sartre somos escravos de nossas escolhas, tendo em vista sermos livres para escolher, porém submetidos às suas consequências. Para o filósofo Heidegger somos também capazes de ampliar nosso rol de possibilidades, aumentando o número de alternativas disponíveis. Sendo assim, a nossa liberdade é poder escolher entre diversas possibilidades, porém, qualquer escolha implicará em uma consequência ética.
Em alguns momentos parecemos apenas joguete das situações e não é difícil encontrar um culpado pelo sofrimento ou dor que vivenciamos. Mas, numa reflexão mais apurada podemos encontrar mais de uma possibilidade de escolha, e ao atentarmos para a alternativa rejeitada poderemos imaginar outro caminho que poderíamos ter percorrido. Refletindo ainda mais, não será difícil entendermos que a decisão final partiu de nós. Pode-se até buscar opiniões, sugestões ou quem nos diga exatamente o que fazer, mas a decisão será sempre nossa. E é essa a nossa liberdade essencial segundo Sartre.
Ao longo de nossa existência vivemos diversas experiências as quais fazem parte de nossa história pessoal e que permeiam nossas decisões. A lembrança dessas nos remete à uma possível “previsão” das consequências de escolhas futuras. Contudo, o quanto somos capazes de uma análise reflexiva quando envolvidos em certo problema, tendo em vista que nossas emoções afloram e, sentimos ser impossível decidir qual o melhor caminho? Nestes momentos é confortável encontrarmos alguém para nos dizer o que fazer. Mas será alguém, além de nós, capaz de um julgamento claro e sensato para as decisões que interferem em nossa vida?
Vivemos em grupos e nosso desenvolvimento se dá nos nossos diversos relacionamentos. Sendo assim, buscar outra opinião torna-se um caminho atraente quando estamos diante de uma escolha difícil. Mas quem melhor para conhecer nossas experiências, desejos e necessidades além de nós mesmos? Pode parecer melhor deixarmos nas mãos de outro a responsabilidade da decisão e, deste modo, ao aparecerem as consequências, poderemos responsabilizar quem nos “mandou” optar por “aquele” caminho.
Algumas vezes imagino estarmos em uma roda - a roda da vida. E essa, gira numa velocidade que não nos permite enxergar tudo ao nosso redor, de repente algo acontece e nos vemos em uma situação difícil, beirando o insuportável. Somos forçados a parar e olhar. Nesse momento pode-se pensar que fomos obrigados a deixar a roda e olhar para tudo que está ao nosso redor, para assim, vermos as opções que temos e decidir qual caminho seguir. Talvez, se atentássemos aos pequenos detalhes não precisaríamos de situações difíceis para nos tirar da roda.
Responsáveis ou não pelas consequências de nossas escolhas, podemos começar com pequenos gestos rumo ao conhecimento de nós mesmos. Quando nos permitimos apreciar os detalhes aprendemos a vê-los, e quem sabe encontraremos mais tempo para as coisas que nos dão prazer e que realmente alimentam nosso existir. Para isso é necessário nos conhecermos melhor para identificarmos de modo mais eficiente os nossos desejos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com



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