27 janeiro 2012

LIMITES

Como delimitar até onde podemos ou devemos ir e, como identificar o momento de finalizar algo? Tal decisão torna-se ainda mais difícil quando algo prazeroso está envolvido. Seja uma boa companhia, um alimento, uma bebida ou mesmo o simples estar em algum lugar. O vício é um desregramento habitual, um costume prejudicial, ou seja, consiste em algo o qual nos habituamos a fazer e do qual temos dificuldades em nos privar. Em um primeiro momento ao falar-se em vício nos lembramos das substâncias ilícitas. No entanto, há diversas outras formas de vínculos viciosos. Pode ocorrer de nos acostumarmos a tal ponto a determinado modo de agir e nos tornarmos, por isso, “impossibilitados” de perceber seus malefícios para a nossa existência. Em uma conversa dois amigos destacavam a dificuldade em distanciar-se dos companheiros quando estavam se divertindo, mesmo ao perceber um exagero. Porém, também salientavam os resquícios nos dias subsequentes causados pelos prejuízos de tal comportamento. Chamavam a atenção para a necessidade que há em termos algo ou alguém para nos “impor” alguns limites. Como será possível estabelecermos tal critério para assumirmos nós mesmos os cuidados com nosso bem estar sem dependermos de outrem para tal? Ou seja, o que fazer para nos tornarmos capazes de cuidarmos dos nossos limites e excessos? Jean Piaget, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, afirmou que um indivíduo pode ser considerado maduro a partir do momento em que tem internalizado as regras as quais é submetido durante seu desenvolvimento, isto é, quando o indivíduo não mais necessita de alguém para lhe sinalizar o que lhe será inconveniente ou não. Ele possui seu próprio repertório do que lhe convém ou não. Desse modo torna-se capaz de avaliar as consequências de seus atos e freá-los antes de um inevitável mal estar consequente a si mesmo. Atualmente as pessoas constatam, com certa frequência, o quão difícil é conter-se diante dos prazeres imediatos. Em nome da satisfação sacrifica-se o bem estar sem analisar as perdas envolvidas em tal comportamento. Uma maneira de iniciarmos um processo culminante em um maior cuidado conosco consiste em analisar quais são as reais perdas e ganhos de determinada ação. Desse modo, seremos capazes de decidir e escolher com maior segurança o que é ou não importante para nós, embasados em nosso repertório interno de “regras”, isto é, nosso repertório acerca do que nos faz bem ou não. O modo de agir atual, fundamentado em estereótipos inatingíveis de perfeição, também nos apresenta o prazer incondicional e a satisfação plena como metas a serem atingidas. No entanto, a construção do nosso ser esbarra nas frustrações. E, são elas que nos ajudam a delinear nossos limites para que possamos cuidar de nosso bem estar de modo mais preciso e eficaz. Então, quando nos permitimos excessos, sejam eles de ordem física, psíquica ou emocional, que nos conduzem a lamentar tal atitude no dia subsequente, pode ser uma advertência de que necessitamos exercitar um olhar mais crítico para nossos atos e comportamentos em relação a nosso bem estar. E assim, o privilegiar para que as consequências não alcancem o inevitável e reste apenas o remediar algo que poderia ser contido em outro momento. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124

Um comentário:

  1. Quando crianças precisamos de regras para o dia a dia como se alimentar, saúde, aprendizado, respeito e por aí vai.. Quando adultos temos que aprender e compreender os principios que nortearão toda nossa vida, as regras passam a ser um fio condutor e mobilizador de autonomia, liberdade, respeito e amor a vida. besos maria

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