06 abril 2012

GARANTIAS

No dicionário Aurélio uma das definições para a palavra dor é “uma sensação desagradável ou um sofrimento moral”. Isto é, podemos experimentar uma dor com uma localização física em alguma região de nosso corpo e causadora de alguma sensação desagradável. Ou uma dor a qual não é possível definir um local preciso e nesse caso podemos chamá-la de psíquica ou emocional. O importante é que ela ocasiona diversas sensações além do sofrimento moral. Pois, a nossa história pessoal influencia nosso modo de ver e agir quando diante de uma situação dolorosa. Nesse caso, é preciso alguns cuidados para tentar minimizar suas sequelas. Podemos nos afastar de situações das quais sabemos de antemão que poderão nos causar sofrimento e evitaremos o contato com elas. Assim, poderemos “garantir” não reviver uma história já familiar para nós. No entanto, tal comportamento também pode cercear ocasiões de prazer. Pois, ao nos privarmos do que pode nos fazer sofrer, também deixamos de arriscar experimentarmos satisfações possíveis de sobrepujar o sofrimento. Muitas vezes é impossível eliminar definitivamente a causa da nossa dor por não estar em nosso poder tal possibilidade. Resta-nos, então, buscar formas de lidar com as consequências de modo a nos recuperarmos o mais rápido possível, para nos tornarmos aptos a usufruir de nossa liberdade. Isto é, nossa capacidade de ampliar nossas possibilidades, como destaca o filósofo Heidegger. Sendo assim, se não possuímos o poder de garantir a ausência da dor, podemos, ao menos, buscar formas de nos prepararmos para lidar com ela do modo mais eficiente e profícuo possível. O nosso repertório de histórias vividas pode representar aquilo que nos amedronta ou nos fortalece. Jean Paul-Sartre acentua sermos totalmente livres para escolher, apenas somos “condenados” a lidar com as consequências dessas escolhas. Desse modo, cabe a nós escolhermos qual das opções privilegiar: o medo ou a força. Ao optarmos pelo medo poderemos nos “proteger”, contudo, sem garantias. Mas, se nossa opção for pelo fortalecimento poderemos encontrar inúmeras possibilidades. E, assim, ampliarmos nosso rol de possibilidades. Porém, para isso ocorrer é preciso nos colocarmos a disposição de nos movimentarmos em prol de nós mesmos. Ou seja, permitirmos um olhar cuidadoso e cauteloso para conosco. Contando, ou não, com auxílio externo à nossa capacidade. Contudo, sem garantias da totalidade da ausência ou da presença da dor, mas nos permitindo a tentativa.

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

4 comentários:

  1. Encontrar este equilíbrio, parece uma tarefa "tanto quanto difícil" para aqueles que já estão adaptados a nutrir a alma com a "dor", no entanto, para aqueles que empreendem a vida com mais significado, enfrentar o "calor da dor" parece desafiador. Acredito que Heidegger estava certo, seja qual for a atitude tomada haverá consequência, sendo assim, sofreremos se enfrentarmos ou não a "dor".

    Parabéns pela abordagem, seus textos são remédios para a alma.

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    1. Obrigada André. Fico muito feliz que pense assim, pois o objetivo é poder realmente difundir reflexões que a filosofia e a psicologia tanto nos oferecem!!!

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  2. Texto perfeito Márcia!! Adorei...

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