12 julho 2012

LIMITES: ONDE ESTÁ?


Vivemos em sociedade, isto é, em grupos. Nos tornamos seres humanos com uma existência plena de possibilidades a partir do contato com o outro. No entanto, esse contato tem sido alvo de diversos questionamentos, especialmente na atualidade. Zygmunt Bauman, sociólogo e autor de diversos livros, destaca temas referentes à liquidez das relações bem como a busca do desprendimento que se tem experimentado nos dias de hoje.
Cada vez mais questionamos a respeito da qualidade dos laços os quais estabelecemos com quem compartilha nossa existência. Não é incomum alguém salientar a necessidade em aprimorarmos tais laços, bem como encontrarem-se formas de ampliar nossos contatos de qualidade.
No entanto, nos esquecemos de que todos nós possuímos limites. Ou seja, é comum percebermos o que conseguimos suportar e, inclusive, nos lamentarmos a respeito da incompreensão dos outros em relação ao limiar de nossa paciência. Mas, nem sempre exercitamos o oposto, ou seja, compreender qual o limiar da paciência alheia. E, assim, corremos o risco de induzir quem nos cerca a um ponto em que o conter-se diante de algo que o constrange torna-se praticamente impossível.
Em uma conversa alguém chamava a atenção para um fato em que certa pessoa teria se descontrolado publicamente, ocasionando escândalo e o julgamento de todos os presentes. Porém, nos esquecemos de que todos nós estamos em uma condição semelhante, pois a todo o momento podemos ocupar a posição de réus nos julgamentos.
Costumamos avaliar e definir causas para fatos os quais não possuímos todas as informações. Assim, certamente nossa conclusão será permeada de incorreções e injustiças. Lamentavelmente, são raros os momentos em que nos dispomos a conhecer os pormenores de determinada situação. Incorremos nessa conduta inclusive conosco quando relegamos a um segundo plano a busca de entendimento para nosso modo de ser.
Desse modo, angariamos, para nós mesmos, dissabores dos mais simples aos mais complexos. E, justificamos ao afirmar não ser possível uma mudança para abreviarmos esses mal-estares. Então, embasados na crença da impossibilidade, justificamos para nós mesmos nossa inércia no sentido de aprimorarmos esse jeito de agir e reagir para, assim, amenizarmos as “punições” das quais ficamos a mercê.
Sendo assim, algumas questões podem tornar-se pertinentes: onde se encontra nosso limite? Como compreender e estabelecer modos de agir e reagir de forma a não nos agredirmos e também “controlarmos” a agressão do outro para conosco?
Talvez esteja no conhecimento amplo a respeito de nossa história pessoal, a possibilidade de nos apropriar de nossa liberdade de ação em relação ao que nos fere. Para, assim, nos tornar soberanos em nossa própria existência.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

3 comentários:

  1. Aprendi com uma pessoa muito especial, que quando começamos a nos conhecer, e ter a noção exata dos nossos limites e limitações, começamos a perceber que as outras pessoas também tem limites e limitações. E devemos respeitar tanto um como o outro!
    Obrigado Marcia pelas aulas!
    Fique com DEUS!
    Boa semana!
    Normando

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    1. A vida é uma eterna escola Normando.
      Estamos sempre com uma nova oportunidade quando nos permitimos.
      Obrigada pelo aprendizado que você me proporciona a cada contato.
      Abraço e boa semana!!
      Márcia.

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  2. Acabei de ler seu texto. Parabéns! Ao ler, me lembrei de quando eu estava na aula de direção, e o instrutor me disse: "você precisa dirigir, para você e para os outros", grande verdade. A vida funciona de maneira bem parecida, quando dirijo minhas palavras a alguém, tenho que tomar cuidado para não ferir, e quando escuto algum "desabafo" fora de hora, tenho que proteger as minhas emoções, para não me ferir. Conhecer os nossos "Limites" não é fácil, demanda tempo, vontade, perseverança e atitude para modificá-las. Amiga, esse seu coração, e essa sua disponibilidade para escrever não tem preço. Você sempre me surpreendendo. Bjos
    Comentário postado por André Vitorino no Facebook.
    Obrigada André!!! seu olhar generoso para meu trabalho me emociona...Um retorno como esse é o melhor que posso esperar. Beijos e boa semana você e toda a família!!

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