14 setembro 2012

DOR


“A dor é temporária, desistir dura para sempre”. Esta afirmação é do famoso ciclista americano, Lance Armstrong, vencedor do Tour de France de 1999 a 2005 após restabelecer-se de um câncer.
Muitas vezes temos o impulso de acreditarmos em nossa incapacidade para suportar qualquer tipo de sofrimento. Seja ele relacionado a uma dor física ou emocional. Podemos, certamente, optarmos pelo desistir em lugar de buscarmos formas alternativas de lidarmos com o que nos aflige. Contudo, poderemos apenas substituir uma dor por outra: a da desistência.
No entanto, há maneiras de lidarmos com nossas dores de modo a tirarmos proveito dela.  Quando uma situação nos causa algum tipo de aflição podemos nos lamentar e nos penalizarmos com o que ocorreu. Ou, nos empenharmos na busca de alternativas para nos desenvolvermos a partir da oportunidade em questão.
Um adulto relatou sua experiência de ter tido esquecido, por todos que o conheciam na ocasião, a data de seu aniversário quando ainda jovem. Segundo ele, a dor experimentada foi muito intensa. Porém, ao final do dia compreendeu que as pessoas podem, em alguns momentos, verem-se tão envolvidas em seus próprios assuntos, que uma data especial para alguém pode permanecer despercebida para outro.
Isso não significa, entretanto, ausência de sentimento. Expressa, apenas, que podemos nos enredar em situações as quais nos levem a um envolvimento tal, de modo que até a lembrança de uma data importante pode tornar-se algo irrealizável.
Todavia, em uma experiência dessas poder-se-ia optar por um sofrimento contínuo a cada ano com a repetição da data e da lembrança do ocorrido. Não obstante, ao decidir-se por analisar de modo livre de sentimentos de ressentimento, a experiência em questão pode assumir o papel de algo construtivo e capaz de possibilitar algum desenvolvimento pessoal.
Há um termo: resiliência, muito em voga atualmente e que define esse tipo de comportamento, o de alguém que possui resistência ao choque. Isto é, capaz de sofrer algum tipo de contratempo e, apesar disso, reerguer-se diferente e fortalecido.
Então, como Lance Armstrong sugere, pode ocorrer de ao optarmos por não desistir da luta, alcançarmos algum tipo de dor lancinante. Mas, também incorremos no risco de experimentarmos sensações de vitória desconhecidas por nós, as quais podem nos oferecer oportunidades de conquistas impensadas anteriormente à experiência vivida. Sendo assim, buscar formas de conhecermos nosso potencial de resiliência torna-se um objetivo, ao menos, enriquecedor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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