02 novembro 2012

AUTOR OU VÍTIMA?


É muito comum o sentimento de ser vítima em relação a algo ou alguma situação. Uma reflexão a respeito desse sentimento pode levar a compreensão de alguns acontecimentos, os quais causam sensações desagradáveis das quais não somos capazes de atinar a origem.
A todo o momento tomamos decisões. Nem sempre nos damos conta disso, ou mesmo, em um grande número de ocasiões, não acreditamos termos tido alguma opção para praticar tal escolha. Porém, sempre escolhemos entre ao menos duas possibilidades.
É comum buscar justificar nossas inconstâncias com a ausência de opções. Explicamo-nos com esse argumento e nos sentimos “confortáveis” com isso. Não obstante, tão comum quanto nos sentirmos vítimas é experimentarmos dissabores e sermos incapazes de localizar a razão. Insegurança, medo, ansiedade, tristeza, depressão, entre tantos outros sentimentos, podem nos acometer sem nos darmos conta de poder estar em nosso poder a precaução deles.
Se buscarmos uma compreensão e nos localizarmos como autores dos acontecimentos que nos envolvem e não como vítimas, incorremos em uma grande possibilidade de assumirmos o controle de muitas situações. Inclusive aquelas as quais julgávamos serem impossíveis de culminarem em uma solução satisfatória.
Contudo, ao nos tornarmos autores de nossa história, ou seja, assumirmos sermos responsáveis por nossas escolhas envolve também assumirmos as consequências que as acompanham. Não estamos isentos dessas consequências mesmo quando nos colocamos como vítimas. O que pode ocorrer é experimentamos a ilusão a respeito da possibilidade de não termos participado do curso dos acontecimentos.
Sendo assim, a nossa principal opção é a manutenção do status-quo, ou seja, o cuidado para que tudo permaneça do mesmo modo que está. Assim, não corremos risco algum. Entretanto, isso nos mantém, também, impossibilitados da oportunidade de experimentar aqueles benefícios inimagináveis quando estamos envolvidos no “conforto” da posição de vítima.
A decisão de mudar um jeito de ser e arriscar experimentar dissabores diferentes pode assustar em um primeiro momento.  Mas, como afirmou o filósofo Sartre: o que nos acontece é de grande monta, no entanto, mais importante é o que fazemos a partir de então. Sendo assim, estamos sujeitos a muitas intempéries, das quais podem nos conduzir a dissabores os mais variados. E, a opção de não tomar nenhuma atitude é uma possibilidade. Contudo, nos cabe a consciência de que tal decisão envolve consequências e nós vamos lidar com elas, independente do nosso desejo.
Então, ao assumirmos a posição de autores, corremos o risco de ampliar nossas alternativas e, com isso, estendermos nossa capacidade para a liberdade como sugeriu o filósofo Heidegger.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Márcia, a liberdade é apavorante! Mas ela é maravilhosa, pois, por meio dela, assumimos as rédeas de nossa existência. Se somos vítimas, somos da nossa própria covardia de assumirmos nossa liberdade de pensar e decidir.

      Parabéns!

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    2. Olá Sandro!!!
      Muito obrigada por seu comentário e especialmente por ter gostado do texto!!!
      A capacidade de refletir é um exercício que nos permite desenvolver nosso potencial!!!
      Abraço.
      Marcia.

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