21 dezembro 2012

SIMPLICIDADE


Ao observar um comentário, no qual se destacava a experiência em relação à satisfação observada no olhar de uma pessoa querida devido a um gesto simples, trouxe grande importância à referência que chamava a atenção para o fato de a satisfação e alegria residirem em atitudes singelas. Tais como, surpreender alguém ao colocar em prática a execução, por exemplo, da organização de um espaço compartilhado.
O período que antecede as festas de final de ano nos “conclamam” a atitudes que não privilegiam, necessariamente, nosso bem estar pessoal. Correrias para aquisições diversas ocasionam estresses ilimitados. Na contramão disso, a descrição da busca em satisfazer alguém querido parece pertinente e ao mesmo tempo contraditório. E especialmente quando o sucesso de tal empreitada reside no fato de a simplicidade poder ser de grande monta.
Numa sociedade de consumo nos deixamos levar pela expectativa em adquirir sempre o máximo possível e o melhor. Então, alguém questiona sobre quando teria iniciado tal atitude generalizada. Quando será que nos permitimos “vendar” nosso olhar para gestos significativos a fim de privilegiar a obtenção de objetos diversos?
Zygmunt Bauman, sociólogo, salienta estarmos vinculados aos apelos consumistas atuais, e assim nos permitirmos nos render a eles. O que ocasiona sensações diversas e, em muitas ocasiões, difíceis de serem identificadas. E proporciona, então, a dificuldade em serem “combatidas”.
Martin Heidegger, filósofo, chama a atenção para o fato de o sofrimento residir no vivenciar momentos atuais em tempos diferentes. Segundo ele, ao focarmos nossa atenção ao que já passou ou ao que está por vir, distorcemos a imagem atual sem nos permitir usufruir toda a excelência da experiência do momento.
Então, talvez seja possível que ao nos permitirmos atentar para os pormenores a nossa volta e que têm significado importante àqueles que convivem conosco, possamos “quebrar” o círculo no qual estamos enredados. E, desse modo, vivenciarmos sensações de satisfação ao presenciarmos a centelha de alegria na fisionomia de quem partilha conosco as experiências de vida e intimidade.
Assim, pode ocorrer de os conclames consumistas do período de festas tornarem-se obsoletos quando permitirmos valorizar, de modo afetuoso, as experiências de contato pessoal com quem tem significativa importância para nós.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

5 comentários:

  1. Olá,
    Muito bom. Gostei! Voltarei...

    Tony

    ResponderExcluir
  2. Deixe-me então te dar um presente, por mais simples que possa parecer, ou por mais insignificante que seja, se comparado ao mercado consumista. Bom, vamos lá, chega de rodeios: "Não conheço você pessoalmente, e talvez nunca tenha essa oportunidade, mas suas palavras ainda que escritas, imprimem em minha alma parte de você, suas idéias, seus pensamentos, seus ideais, seus sentimentos, e um pouco de você acaba rompendo a barreira intangível do espaço e do tempo, e modificando o curso e a história de quem lê com um simples olhar faminto por aprender"
    Foi muito bom conhecer você nesse ano de 2012.
    Parabéns sempre, mulher abençoada! Beijos nesse coração lindo! Felicidades em 2013 pra você e toda sua família!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá André!!
      Fico muito agradecida por seu carinho e especialmente por suas palavras.
      Sempre digo que é muito bom sentir, mas mais importante é ser capaz de expressar os sentimentos.
      Muito obrigada por você me permitir ser o alvo de tal expressão.
      Com certeza é esse olhar gentil de pessoas como você que inspiram todos os meus textos.
      Um 2013 para você e sua família repleto de sentimentos e, o mais importante, a expressão deles uns para com os outros.
      Um grande abraço a você a toda a família.
      Márcia.

      Excluir
    2. "Tentava sentir baixinho, mas o amor fala alto, mesmo quando silencia." [Ana Jácomo] ;D

      Excluir