01 agosto 2013

PREOCUPAÇÃO X CUIDADO

Pode ocorrer, em algum momento de nosso existir, ser notada certa preocupação com algo ou alguém. Preocupar-se significa termos um pensamento dominante que se sobrepõe a qualquer outro. E que pode, inclusive, proporcionar algum sofrimento, ao se ter em vista que quando nos preocuparmos com algo não significará estarmos habilitados a resolver o problema em questão.
Diferente da preocupação, o cuidado envolve responsabilidade com o objeto de nossa atenção. Isto é, a decisão em cuidar de algo ou alguém significa disponibilizarmos algo de nosso esforço e atenção em prol da manutenção do bem estar daquele que tornou-se alvo de nosso reparo.
Quando nos “pré-ocupamos”, ao mesmo tempo nos ocupamos de modo antecipado a respeito de algo que, muito provavelmente, não se apresenta disponível para ser resolvido. Estamos apenas nos antecipando. Ou seja, investimos nossa energia no ato de pensarmos a respeito de algo que não seremos capazes de resolver por não se apresentar livre para tanto.
Certamente é bem adequado pensar a respeito de algo antecipadamente para que haja um planejamento das melhores estratégias no modo de lidar com o que nos perturba. No entanto, é importante nos manter atentos para o fato de que ao deslocarmos nossa atenção do tempo presente incorremos no risco de experimentarmos aflições relacionadas a impossibilidade de ação. Heidegger, filósofo, relaciona o sofrimento humano ao ato de focalizar a atenção em um tempo do qual não se tem acesso, passado ou futuro. Desse modo, nos envolvemos com situações impossíveis de se apresentarem acessíveis aos nossos atos no momento presente.
Contudo, o cuidado, o qual nos solicita nos responsabilizarmos com algo ou alguém, caracteriza-se por um compromisso nosso com a situação em questão. No entanto, ao não atentarmos para a sutil diferença entre cuidado e preocupação, podemos nos envolver em uma atitude a qual nos faça permanecer estagnados e sofredores.
Por isso, se desejamos exercer o cuidado necessitamos exercitar identificar nosso comportamento para nos tornarmos capazes de compreender qual atitude estamos aderindo. Assim, nos habilitarmos a cuidarmos de nós e do que desejamos ao invés de apenas nos preocuparmos e ocasionarmos sofrimentos, no mínimo, inúteis.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


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