31 janeiro 2014

ANGÚSTIA E DEPRESSÃO

É comum, nos dias atuais, entendermos ser a angústia e a depressão um inimigo a ser combatido com todas as “armas” disponíveis.  Esse “arsenal” conta com o apoio de muitos estudos e discussões, assim como medicamentos diversos.
Lígia Rosemberg Aratangy, psicóloga, em seu livro “Doces Venenos”, afirma ser impossível acabar com a angústia e com a depressão. Segundo ela, esses sentimentos fazem parte da bagagem humana. São passagens obrigatórias no percurso de um desenvolvimento normal, não são desvios da rota, fazem parte da condição de estar vivo.
Há muito tempo fala-se em doenças e as necessárias curas para elas. Atualmente, angústia e depressão ocupam um status de doença, muitas vezes não importando sua dimensão. Contudo, se fazem parte de nossa bagagem e do percurso de nosso desenvolvimento, quais poderiam ser as consequências em buscar-se alternativas que nos permitam fugir delas?
Um aumento considerável de sentimentos como insegurança, medo, ansiedade, indecisões, parecem estar presentes na atualidade. Isto é, como um organismo que nunca experimentou um resfriado não tem resistência para pequenas doenças, comparando nosso desenvolvimento psicológico, pode ser que ele precise experimentar “pequenas dores” para desenvolver-se a contento e ser habilitado a lidar com as “dores maiores”.
Ou seja, quando suportamos alguma angústia e depressão, nos dispomos, ao mesmo tempo, a uma condição na qual permitimos que nosso desenvolvimento psíquico se torne ampliado. Desse modo, tornando-se mais livre em relação ao aprisionamento que sentimentos interpretados como limitantes possam nos submeter.
Então, é usual desejarmos, com todas as nossas forças, nos livrarmos das sensações desagradáveis experimentadas quando nos encontramos em uma condição depressiva ou angustiante. Contudo, é de suma importância encontrarmos formas de averiguar, com o máximo de exatidão possível, se essa condição representa um momento no qual podemos nos desenvolver, ou uma condição tangenciando um estado doentio e, assim, necessário de uma assistência mais intensiva.
Pode constituir uma difícil busca esse discernimento. Por isso, se faz necessário atentarmos para a necessidade, ou não, de ajuda nesse aspecto, para que nos seja possibilitado momentos preciosos de crescimento, os quais podem fazer parte considerável de nosso desenvolvimento como seres humanos os quais participam da condição de estar vivo.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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