24 outubro 2014

POSSIBILIDADE

Presenciamos na atualidade um aumento relacionado a distúrbios de ordem emocional, tais como ansiedade, pânico, estresse entre outros. O que tem acontecido para o surgimento de tantas desordens emocionais? Se sentimos uma dor em nosso corpo e o responsável médico não consegue detectar a causa recebemos a resposta – provavelmente seu mal constitui algo relacionado ao seu estado emocional, ou você deve estar vivendo um momento de estresse, precisa diminuir o estresse em sua vida. Fácil não?! É só diminuir o estresse e pronto!
A sociedade competitiva em que vivemos exige de cada um de nós o melhor, mas em muitas ocasiões isso não é o bastante, pois deve-se ter um diferencial para atuar no mercado de trabalho e na vida de maneira autossuficiente. Com isso, pode não haver oportunidade para valorizarmos o equilíbrio emocional, considerando-o um quesito de menor importância em todo esse processo.
Sendo assim, a busca por alternativas que auxiliem na conquista de tal equilíbrio, nem sempre possui um lugar de atenção em nosso dia-a-dia. Entretanto, muitos estudos têm comprovado que ser possuidor de tal equilíbrio disponibiliza maiores chances em se obter um desempenho melhor em todos os âmbitos da vida, seja ele profissional, familiar ou acadêmico.
Somos, a todo momento, convidados a desenvolvermos diversas “perfeições”. Não basta sermos bom no que fazemos, precisamos ser os melhores. O mundo oferece oportunidades a quem se destaca, porém não há como obtermos a garantia de que temos contato com o melhor. No entanto, ainda assim buscamos incansavelmente este melhor e com certeza somos cobrados a oferecer o melhor de nós também, ou seja, cobramos e somos cobrados.
A partir de nosso nascimento somos arremessados em um mundo “exigente e cruel”. Contudo, será esse mundo tão cruel e tão exigente como às vezes podemos percebê-lo? Estudos afirmam que nosso olhar é repleto de filtros que desenvolvemos ao longo de nossa existência através das experiências que vivemos. Esse filtro denota não haver um olhar neutro e objetivo. Nossas emoções e vivências estão sempre permeando a interpretação daquilo que vemos. A cor azul ou rosa que enxergamos não tem a mesma tonalidade de cor azul ou rosa vista pelo nosso vizinho, nosso amigo, nosso filho, nosso companheiro, etc.
Ou seja, as experiências que vivemos ao longo de nosso desenvolvimento, sejam elas agradáveis ou não, permeiam todos os momentos de nossa vida. Em cada contato visual que estabelecemos está presente o acúmulo do que vivemos, resultando em uma lente que permeia a forma como interpretamos a realidade na qual estamos inseridos e que se apresenta a nós em determinado momento.
Entretanto, somos escravos dessa lente? Até que ponto podemos mudar a imagem que essa lente nos mostra? O filósofo Jean-Paul Sartre afirma que nós somos condenados à liberdade, isto é, somos livres para escolher, porém, condenados às consequências dessas escolhas.
Sendo assim, podemos escolher mudar nosso olhar ou a lente que o cobre, mas é sensato ter a consciência que isso não consiste em uma tarefa fácil, mas possível. E o importante é a lembrança do – possível.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail:  marciabcavalieri@hotmail.com

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