07 março 2018

BAGAGEM PESSOAL


Ao conduzirmos nossa atenção aos momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos.

A psicóloga e escritora Lídia Rosenberg Aratangy em seu livro “Doces Venenos” afirma ser impossível acabar com a angústia e com a depressão. Segundo ela, esses sentimentos fazem parte da bagagem humana e são passagens obrigatórias no percurso de um desenvolvimento normal. Não são desvios da rota, mas parte de um trajeto. É uma das condições do estar vivo.
Essa afirmação da psicóloga pode levar a refletir sobre a importância de situações as quais nem sempre constituem algo agradável para nós. Mas, que assumem certo grau de importância em nosso existir, tanto quanto os momentos prazerosos.
Há ainda uma ideia a respeito do sofrimento, que o configura como sendo algo a ser evitado a todo custo. É óbvio não querermos experimentar dor de nenhuma ordem, especialmente a emocional. No entanto, se esses momentos fazem parte de um desenvolvimento necessário, então, talvez seja preciso modificar o modo como lidamos com essa condição da nossa trajetória rumo ao crescimento pessoal.
Ou seja, tratar a angústia e a depressão como simples malefícios a serem combatidos pode nos levar a perder oportunidades essenciais de desenvolvimento. No filme “Batman Begins” um personagem afirma que o motivo pelo qual “caímos” é para nos tornarmos aptos a nos levantar. Isto é, não desejamos “cair”, mas “caímos”. Então, se estamos sujeitos a tal possibilidade, importante se faz nosso movimento em prol de aprendermos a lidar com tal condição.
Contudo, ao conduzirmos nossa atenção aos momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos. E, poderemos nos orientar de modo a refletirmos a respeito do que nos angustia ou deprime.
Assim, nos capacitaremos a agir em prol de um conhecimento individual e exclusivo acerca de nós mesmos. Habilitar-nos-emos, desse modo, a gerirmos a trajetória do desenvolvimento pessoal ao qual somos convidados.
Portanto, sempre que nos colocamos em posição de permitir o contato com algo que possibilite nosso crescimento, ampliamos nossa compreensão acerca de nós mesmos. E, também, participamos de modo ativo de nossa capacitação para o suporte necessário para lidar de modo mais brando e amigável com a angústia e a depressão caso elas venham a participar de nossa “bagagem”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

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