15 junho 2012

METADE DA LARANJA?


Nesta época do ano ocorre de muitas pessoas questionarem-se a respeito de sua “metade da laranja”. Algumas histórias nos conduziram a acreditar em combinações perfeitas e finais felizes eternos. Porém, será a felicidade ininterrupta nosso maior desejo? Qual será a real busca que empreendemos? O que se pode considerar uma felicidade duradoura?
Uma data comemorativa instituída pelo comércio pode nos conduzir a sentimentos indesejados quando nos deixamos levar pelo clamor comercial.  Não é raro encontrarmos, nos dias de hoje, quem busque, inclusive, assumir uma postura reversa ao se negar a participar das solicitações comerciais deste período. No entanto, muitos são os que se sucumbem movidos por diversas razões nem sempre claras para si mesmo.
Quando se fala em felicidade corremos o risco de ser levados a imaginar um relacionamento no qual as pessoas “sempre” se entendem com rapidez, sem mágoas ou qualquer tipo de ressentimento. Entretanto, será possível um relacionamento satisfatório se não houver ao menos um contraponto? Isto é, ao viver em constante contato com paradoxos, será possível não experimentá-lo nos relacionamentos? O contato com quem nos ofereça constante aceitação às nossas opiniões e desejos pode incorrer numa rotina, a qual, inclusive, conduza a um desgaste tanto quanto um constante desencontro poderia originar.
Então, como encontrar um equilíbrio o qual proporcione a possibilidade de se estabelecer um relacionamento que perdure, e que ofereça certo grau de satisfação aos envolvidos? Para o desejo de permanecer unido ser mais forte do que as adversidades?
Às vezes nos esquecemos de que esse equilíbrio também permeia a satisfação individual de cada um. Ou seja, todos nós buscamos nos sentir realizados quando nos permitimos a proximidade com alguém. Mas ignorar esse fato pode nos levar a enganos e ilusões dos quais podem impedir um olhar mais acurado para as sutilezas envolvidas em um relacionamento envolve.
Sendo assim, se mantivermos na lembrança a necessidade de satisfação pessoal unida à satisfação dos envolvidos na relação, ficamos sujeitos a uma maior chance de sucesso na empreitada da “felicidade duradoura”. E ter em vista permear não somente a felicidade dos envolvidos como um todo, mas também as satisfações individuais.
Desse modo, ao conhecer e compreender nossas necessidades, desejos e satisfações, podemos nos permitir ser mais eficientes no contato com as nossas possíveis “metades da laranja”. Se é que essa consiste nossa real busca...
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

08 junho 2012

MEDIDA


Muitas vezes podemos ser acometidos por uma questão a respeito do que é certo ou errado. Como podemos ponderar de modo “correto” sobre isso? Qual a medida que estabelece o limiar entre o que pode ser adequado ou não a algo ou alguém?
Pode-se viver um bom tempo em busca de medidas certas a respeito de diversas questões. Porém, essa busca pode estar num âmbito o qual não abarque a amplitude das possibilidades existentes.
Um primeiro ponto a se observar é a singularidade de cada um de nós. A história perpassou um período em que a uniformização era algo muito almejado. No entanto, pôde-se constatar ser a singularidade nossa principal característica. Desse modo, ao nos tornarmos uniformes corremos o risco de perdermos nossa especificidade.
É óbvio possuirmos diversos pontos similares, entretanto, cada um representa de modo singular as experiências vividas. Alguém pode experimentar a perda de algo ou alguém, contudo, o significado da perda para cada um será diferente, bem como o modo como lidar com ela.
Sendo assim, como estabelecer medidas para o que é melhor ou pior, certo ou errado? Onde encontramos os valores adequados para um viver tranquilo, sem grandes saltos? Pode ocorrer de tais valores serem diferentes para cada um como são as representações, que ocorrem de modo diferente também.
Então, podemos dispender um bocado de nosso tempo na busca de valores para nos proporcionar alguma referência a respeito do que queremos ou não. Mas, podemos, ao invés disso, utilizar nossa disponibilidade para tentar compreender nossos limites e os significados deles para nosso existir.
Uma forma de empreender tal tarefa consiste em prestarmos maior atenção às nossas nuanças por menores que sejam, para, assim, sermos capazes de detectar com maior eficácia o que nos faz “bem” ou não.
Isto é, na medida em que conhecemos nossos pormenores, nos tornamos cada vez mais capazes de estabelecer, para nós mesmos, as variações de graduação relativas ao que consiste nossa medida. E, por conseguinte, nos tornamos autônomos para estabelecermos, para nós mesmos, o que representa nosso limite.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

01 junho 2012

ILUSÃO


No dicionário Aurélio encontra-se como uma das definições da palavra ilusão: engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação.
Outro fator é que ao nos iludirmos incorremos em uma grande possibilidade de nos frustrarmos. Ao ter em vista ser habitual investirmos muito de nossa energia na busca do que consideramos ideal, ao constatar ser isso uma ilusão somos conduzidos, quase inevitavelmente, à frustração.

A psicóloga Lídia Rosenberg Aratangy afirma em seu livro “Doces Venenos” ser a frustração não um desvio da rota, mas parte do caminho do desenvolvimento. Segundo ela todos nós precisamos aprender a tolerar o fato de não ser possível termos tudo, nem ganharmos todas as batalhas. Sendo assim, essa capacidade, como afirma a autora, tem tudo a ver com a possibilidade de fazer escolhas, que tem tudo a ver com o poder dizer “não” a um prazer imediato.

Mas, como identificar quando estamos sendo levados por um engano de nossos sentidos ou da nossa mente? Na ânsia por satisfazer nossos desejos podemos ser induzidos a crer na possibilidade de algo o qual pode não acontecer. No entanto, como identificarmos tais situações e, ao fazer isso, como proceder para que a dor da frustração seja menos intensa?

A possibilidade de fazer escolhas é também, como afirma o filósofo Jean Paul-Sartre, uma condenação devido ao fato de o fazermos a todo o instante e, sermos obrigados a lidar com suas consequências. Então, ao escolhermos nos colocamos a mercê de uma possível frustração se estivermos envolvidos em algum tipo de ilusão.

Identificar quando estamos enganados a respeito de algo não constitui tarefa simples. Nossa ânsia pela satisfação e prazer imediato pode fazer com que nos tornemos afoitos na busca deles. E, diante dessa ansiedade nossa capacidade de avaliar as situações pode ficar obnubilada. E, desse modo nos tornamos presa fácil para a dor da frustração.

Se contarmos com nossa capacidade de reflexão e conseguirmos conter nossa ansiedade, poderemos exercer com maior discernimento a possibilidade de clarificarmos nossa análise dos fatos e, então nos protegermos da chance de tomarmos uma coisa por outra.

Em muitas ocasiões o poder contar com alguém o qual nos auxilie a “abrir os olhos” pode ser uma grande oportunidade para nos mantermos no caminho de nosso desenvolvimento. Assim priva-nos o máximo possível das ilusões, ou, ao menos, diminui sua frequência ou, ainda, o tempo no qual nos mantemos iludidos.


Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

25 maio 2012

CONTRADIÇÕES

O filósofo e escritor Jean-yves Leloup em seu livro - DEUS NÃO EXISTE! (...eu rezo pra ele todos os dias) - questiona: “O que seria a vida se ela não fosse capaz de conter a morte? O que seria o amor se ele não fosse capaz de suportar o ódio, a violência injusta? O que seria o sentido ou a sabedoria se eles não fossem capazes de assumir a loucura e o absurdo?”

A sabedoria popular afirma ser de suma importância conhecer algo para identificar o seu oposto. Isto é, se não tivermos contato com o bem não poderemos identificar o mal, do mesmo modo ocorre com o belo e o feio e, assim por diante. Alguns filósofos abordam o fato de vivermos em um “eterno” paradoxo, ou seja, estarmos mergulhados em aparentes contradições porque de algum modo elas se complementam.

No entanto o importante talvez seja nos atentarmos para o fato de as contradições fazerem parte de nosso dia-a-dia. Então, desse modo, buscarmos formas de compreendê-las para assim nos apropriamos dos benefícios oferecidos por essa conscientização.

Ao assumirmos que a vida precisa conter a morte nos conscientizamos de que tudo o que é existente possui um fim. Portanto podemos nos preparar, e então usufruir do melhor modo possível tudo o que está disponível no presente. O amor precisa ser capaz de suportar o ódio e a violência injusta devido ao fato de a condição humana nos tornar pertinentes ao erro. Sendo assim, se o amor for capaz de suportar suas contradições será também capaz de sobreviver às intempéries.

Buscamos de toda maneira sensações e sentimentos eternos. Mas nos esquecemos de que a rotina, apesar de nos trazer segurança, conduz também à monotonia insossa como destaca Victor Hugo em seu poema “Desejo”, no qual ele aborda diversas “contradições” necessárias a um existir pleno.

Sendo assim, se o sentido e a sabedoria precisam assumir a loucura e o absurdo, podemos nos permitir reflexões mais ou menos intensas, mas que nos conduzam a um viver pleno. E, como finaliza Victor Hugo em seu poema, “... se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a desejar.” Ao nos disponibilizarmos ao conhecimento acerca de nós e de nossas “contradições” nos colocamos também disponíveis a todo o tipo de acontecimento os quais podem nos levar a experimentar a sensação de um viver repleto de momentos satisfatórios.

E, se tudo isso acontecer, ou seja, se nos colocarmos a disposição da vida e usufruirmos um viver com muitos momentos que nos satisfaçam... O que mais poderíamos desejar?

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

18 maio 2012

PROTEÇÃO

É comum ouvir o relato de alguém aflito para encontrar uma forma de proteger alguém em quem se deposita algum sentimento especial. Contudo, que tipo de proteção fala-se quando se está envolvido com alguém de modo mais intenso, isto é, quando amamos? Em um diálogo no filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o diretor da escola de Harry lhe explica o porquê de determinada pessoa não poder fazer-lhe mal, ele afirma que isso ocorria devido à proteção proporcionada por sua mãe a partir de uma atitude dela. Nesse trecho do filme em questão, o personagem salienta estar esta proteção envolvida em todo o ser de Harry, ou seja, não constitui uma marca ou um amuleto, mas “algo mais”. O que seria esse “algo mais”? Será que esse tipo de proteção é especial a quem é filho ou qualquer um pode ter acesso a ela? Como nos protegermos das situações conflituosas e dolorosas as quais envolvem diariamente nosso existir? Definitivamente parece estar o amor envolvido nessas questões. Quando amamos nos tornamos mais fortalecidos para proteger aquele a quem amamos. Isso pode ocorrer também pelo fato de o objeto de nosso afeto ter conhecimento do nosso sentimento, e isso o tornar mais fortalecido e seguro para enfrentar suas mazelas diárias. No entanto, será que isso é verdadeiro quando nos amamos? Será nosso amor por nós passível de nos proteger de possíveis dores e sofrimentos? Ao se falar em nos amarmos pode parecer, a princípio, um ato egoísta. Entretanto, se atentarmos para o fato de que disponibilizamos ao outro o que temos em nós, se não nos amarmos, como dispensar tal sentimento à outra pessoa, seja ela quem for? No processo de disponibilizar qualquer tipo de sentimento a quem quer que seja é necessário que esse sentimento esteja presente em nós e, preferencialmente, relacionado a nós. Portanto, se faz necessário encontrarmos formas de aclarar o modo como nos sentimos em relação ao nosso convívio conosco. Isto é, somos alguém com quem gostamos de conviver? Para, então, nos habilitarmos a dispor de atitudes as quais possam nos proteger das investidas alheias ao nosso controle e que podem nos levar ao sofrimento. Proteção, então, pode estar relacionada ao modo como nos vemos e como desejamos que nos vejam. Habitualmente podemos ter a ideia que alguém é capaz de nos proteger, contudo, pode ser que a pessoa mais apta a esse papel sejamos nós mesmos. A partir do momento em que nos disponibilizamos a nos conhecer e a nos querer bem.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga
CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

11 maio 2012

CERTEZAS

Sempre que estamos em busca de garantias, em algumas ocasiões, podemos nos ver em situações demasiadamente frustrantes. Vivemos almejando certezas, no entanto, como destaca a psicóloga Lídia Rosemberg Aratangy: “a vida não dá garantia de nada”. Ou seja, dispensamos uma boa parte de nosso tempo em busca de algo, quiçá impossível. Sendo assim, ao não ser possível obter garantias da vida, onde se pode encontrá-las? O que fazer para nos sentirmos seguros diante de tanta incerteza? Experimentamos, diariamente, circunstâncias nas quais se destacam a fragilidade de nosso existir. Seja ela em termos da continuidade de nossa vida ou mesmo da permanência em determinado lugar ou status. A mesma autora salienta que viver é correr riscos. Isto é, se não é possível conseguir garantias havemos de nos arriscar para, desse modo, possibilitarmos a nós mesmos um maior número de oportunidades. Remetendo-nos ao filósofo Martin Heidegger, ele afirma existirmos quando nos relacionamos. Pode estar, então, nas relações estabelecidas por nós a possibilidade de experimentar alguma “certeza”. Ou, ao menos, “garantirmos” alguma companhia para nossas empreitadas. A todo o momento podemos nos deparar com alguém sofrendo a dor da solidão. Essa pode ser momentânea ou prolongada. O fato é que tal solidão pode também ser concreta, estarmos realmente sem nenhuma companhia, ou apenas sentida, isto é, experimentarmos a sensação de não podermos contar com ninguém mesmo quando cercado de pessoas. No entanto, ao nos sentirmos sós, isto é, quando nos encontramos em alguma posição na qual algum “apoio” nos possibilitaria uma disposição da qual não somos capazes de encontrar sem ajuda, incorremos na chance de nos percebermos frágeis. Tal fragilidade pode acarretar a perda da capacidade de “vermos” com maior clareza as possibilidades que temos, bem como com quem podemos contar. Portanto, diante da “impossibilidade” de obter garantias ou de obtermos certezas, o que podemos nos proporcionar é a abertura para o contato. Entregarmo-nos de modo absoluto às relações estabelecidas cotidianamente para, então, vislumbrarmos de modo mais límpido as alternativas disponíveis. Porém, a ideia de nos entregarmos a alguma relação pode, em um primeiro instante, nos amedrontar devido à possibilidade de exposição que isso pode ocasionar. Mas, se desejamos nos aproximar de um existir o qual nos proporcione algum tipo de realização, não podemos nos distanciar do fato de haver necessidade do risco. Pois, sem garantias e condenados a optar por essa ou aquela direção, o poder contar com alguém que nos acompanhe parece ser o modo mais “adequado” de darmos continuidade ao nosso existir e ampliar, como assevera Heidegger, nossas possibilidades.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

04 maio 2012

DEIXE COMO ESTÁ PARA VER COMO FICA...

Em muitas ocasiões parece ser a melhor alternativa deixarmos os fatos correrem por si e apenas esperarmos o resultado. No entanto, tal atitude pode nos levar a perder oportunidades de envolvimento com situações diversas, das quais podem nos oferecer inúmeras possibilidades. Quando em um relacionamento, por exemplo, é importante a conscientização de que este constitui em uma troca. Ou seja, sempre que nos relacionamos com algo ou alguém ocorre algum tipo de troca, seja esta de palavras, sentimentos ou algo mais sutil. O importante é que a troca sempre acontece quando estabelecemos algum tipo de contato. Se, por outro lado, nos abstivermos de envolvimento com o decorrer do contato, podemos impossibilitar tal troca. Isto é, nos colocamos em uma situação na qual somente recebemos, e impossibilitamos, desse modo, que o outro também “desfrute” dos ganhos dessa relação. A convivência em grupo, característica a qual possuímos e usufruímos, oferece diversas vantagens, especialmente para nossa possibilidade de sobrevivência. Mas, ela também nos oferece oportunidades de aprendizados variados. No entanto isso somente pode acontecer se nos dispusermos ao contato de um modo pleno. Ao nos omitirmos incorremos no risco de inviabilizar um contato de sucesso. Esse comportamento pode ocorrer por diversas razões: por medo do feedback, isto é, nos vemos amedrontados diante do que pode decorrer de alguma atitude que tenhamos. Ou a falta de desejo em participar do crescimento do outro, ou seja, não nos envolvemos com quem esteja em contato conosco ao ponto de disponibilizarmos energia em prol do desenvolvimento dele. Tal pensamento pode estar permeado de um sentimento voltado mais para si próprio. A questão a se refletir é se nos sentimos bem com os relacionamentos que estabelecemos, e se os resultados ocasionados por eles estão a nosso contento. Se a resposta a tal pergunta for afirmativa, significa estarmos bem com nosso comportamento e cabe-nos a manutenção dele. No entanto, se a resposta for negativa, essa pode representar grande sofrimento em nosso dia-a-dia. Especialmente porque nos relacionamos o tempo todo e “necessitamos” da troca por eles oferecidas. Então, talvez precisemos avaliar como nos comportamos quando envolvidos em algum tipo de relação, para revermos nosso modo de ser. E, a partir do momento em que nos permitimos tal análise, nos tornamos munidos da abertura para novas possibilidades. Assim, permitimos que nos coloquemos de modo mais receptivo diante do outro.

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br