12 julho 2013

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

O filósofo Heidegger afirma estar, a angústia humana, no deslocar a atenção do presente. Ou seja, focalizamo-nos de modo exacerbado em situações passadas ou futuras. Isto é, segundo o filósofo, ao nos preocuparmos em demasia com o que já ocorreu ou com o que está por vir, experimentamos, portanto, a perda da liberdade de nossa existência. Especialmente ao ter em vista que, para ele, nossa liberdade consiste em ampliarmos nossas possibilidades diante das diversas situações vivenciadas por nós.
No processo de nos sentirmos estáveis acreditamos possuirmos total controle de nosso existir e negligenciamos o fato de sermos falíveis. Então, nos comportamos de modo a ignorar este fato e, por conseguinte, experimentamos uma ilusão de segurança não condizente com a realidade.
Como seres vivos que somos e dotados de um fim, faz-se essencial não nos mantermos concentrados no fim quando possuímos possibilidades de experimentar as possibilidades do existir. Contudo, no processo de nos mantermos estáveis e livres da angústia de tal possibilidade, em muitas ocasiões, colocamos em prática uma ocupação com situações as quais sua manutenção não estão ao nosso alcance. Especialmente as passadas ou futuras.
Tudo o que já ocorreu não é passível de mudança. Cabe-nos, apenas, a atenção ao que foi vivido para, assim, aprimorarmos nossas atitudes presentes baseados nas experiências passadas. Quanto ao que está por acontecer, podemos, a partir das experiências anteriores tentar a antecipação de suas consequências. E, então, antever os resultados de nossas ações, e nos possibilitarmos a oportunidade de aumentarmos o número de alternativas resultantes delas. Porém, nem assim, teremos total garantia desses resultados.
Então, quando nos tornamos demasiadamente ocupados com o passado ou com o futuro, experimentamos a angústia descrita por Heidegger, por não estar ao nosso alcance a possibilidade de amplitude de opções em torno delas. Desse modo, sofremos.
Por isso, se desejarmos amenizar nossas dores perante situações das quais não temos pleno controle, necessitamos exercitar a compreensão acerca delas para, então, mantermos nossa atenção voltada para as situações mais atuais e que possuam a alternativa de mudança. Assim, minimizamos a sensação de angústia e permitimos uma possibilidade de reflexão de modo mais ameno.
Com isso reduzimos as ocasiões em que experimentamos sensações desagradáveis e mal estares da atualidade como as síndromes emocionais diversas. E ainda exercemos, como destaca o filósofo Heidegger, todo o nosso potencial de liberdade ao ampliar nosso rol de possibilidades.


Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

3 comentários:

  1. André Guina12/7/13 10:38 AM

    Sensacional! Simples e autoexplicativo, porém nossa cabeça insiste em divagar no que já passou e no que está por vir. Trabalhar melhor a mudança de hábito mental de focar mais no hoje.

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    1. Obrigada André!!!
      Fico muito contente que tenha gostado e muito feliz por seu comentário!1
      É muito bom quando recebo um retorno tão generoso assim!!
      Beijos.
      Márcia.

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  2. Adorei o texto Márcia... e como é difícil viver só o presente! Beijos!

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