05 julho 2013

DE OLHOS BEM... FECHADOS

A todo o momento nos envolvemos em situações diversas. E sempre temos um modo peculiar de compreender cada uma delas. Esse modo de compreensão consiste em um mecanismo particular do qual somos capacitados e que desenvolvemos ao longo de nosso existir, e o aprimoramos com o convívio nas diversas relações estabelecidas ao longo desse trajeto.
Contudo, não é incomum estabelecermos um entendimento distorcido da “realidade” presente em cada momento vivenciado por nós. Essa distorção pode ocorrer devido a várias circunstâncias. No entanto a que parece ser a mais negligenciada, é o olhar disponibilizado para elas.
Na evolução de nosso desenvolvimento como seres habilitados a relacionar-se, participamos de um processo, geralmente imperceptível, culminante em nossa capacidade de percepção de nós mesmos bem como do outro, que partilha os prazeres e dissabores dessa marcha.
Há muito se fala em inteligência e desinteligência. Muitas afirmações sobre as causas de uma ou outra apresentar-se de modo mais acentuado em uma ou outra pessoa também é muito discutido. No entanto, ao refletir-se a respeito de nossa capacidade de percepção do que se apresenta ao nosso “redor”, pode-se sugerir que a incapacidade em distinguir claramente as singularidades das situações diversas possibilita uma compreensão, no mínimo, errônea do que se apresenta para nós em determinado momento.  E, esse procedimento pode ser interpretado como uma limitação da capacidade de entendimento.
Ou seja, o olhar para os pormenores envolvidos nos processos aos quais estamos conectados, direciona nossa compreensão. Sendo assim, esse entendimento constitui-se em algo particular e privado. Porém, não isento de nos conduzir ao engano, que pode comprometer nossa razão e, assim, nossas decisões e atitudes.
Por isso, sempre que nos permitirmos a “abertura” de nosso olhar de modo a ampliar as perspectivas presentes em dado acontecimento, estaremos promovendo nosso desenvolvimento rumo ao próprio bem estar e crescimento pessoal. Então, cada ato nosso em prol de possibilitarmos a amplitude desse olhar, representa nosso empenho em função de nosso aprimoramento pessoal. E, esse proceder vai ao encontro da definição de liberdade oferecida pelo filósofo Heidegger, o qual afirma estar na amplitude do rol de nossas possibilidades a nossa condição de liberdade essencial.
Nesse caso, ao oferecermos a nós mesmos condições de auxílio no sentido de nos mantermos de olhos bem... abertos, tornamos possível, por conseguinte, o exercício da liberdade almejada por todos nós.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124



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