01 maio 2014

SEPARAÇÕES

Não é incomum nos encontrarmos apartados de alguém ou alguma situação a qual desejaríamos que seu final não fosse concretizado. No entanto, muitas de nossas escolhas nos conduzem a finalizações as quais nem sempre constituem algo que escolheríamos “conscientemente”.
Importante estarmos atentos ao fato fazermos escolhas todo o tempo e ao colocarmos essa prática em uso exercitamos a liberdade definida pelo filósofo Jean-Paul Sartre. Porém, ao mesmo tempo, precisamos nos lembrar que deixamos ao menos uma opção sem ser escolhida.
Por isso, pode ser preciso voltarmos nossa atenção para o fato de essas escolhas não constituírem algo o qual não nos damos conta. O que pode ocorrer em muitas ocasiões é não admitirmos nosso envolvimento nas ocorrências as quais consideramos indesejáveis.
Nesse momento pode ser tentador responsabilizarmos qualquer outro pela escolha que nós fizemos. Assim, abrandamos nossas dores e podemos adquirir um “fôlego” enquanto não somos capazes de lidar com a realidade de nossa dor e nosso envolvimento nela.
Sendo assim, ao nos depararmos com algum tipo de frustração, especialmente quando somos apartados de algo que consideramos essencial para nós, é necessário analisarmos nossas escolhas para nos sentirmos seguros com ela. E, assim sermos capazes de aceitarmos que vivemos, no momento presente, o que de melhor pudemos disponibilizar para o nosso bem estar.
Contudo, a sensação de segurança com uma escolha não representa que devemos festejá-la com fogos de artifício. Pode ocorrer de nos sentirmos derrotados e com o desejo de nos escondermos de tudo e de todos.
Tal conduta constitui um processo natural de nosso luto pela perda de algo ou alguém. Todavia, há a necessidade de nos permitirmos vivenciar o sofrimento que tal sensação ocasiona, para nos habilitarmos a reconstruir todo o nosso potencial e nos refazermos de modo mais fortalecido.
É comum experimentarmos a sensação de impossibilidade de tal tarefa.  Contudo, se nos permitirmos a ocasião de lamentarmos o que nos entristece e vivenciarmos todos os processos envolvidos nesse lamento, nos colocamos diante da possibilidade de nos reerguermos aptos a novas empreitadas. Transformando a dor em oportunidade.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124



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