22 agosto 2014

DECEPÇÃO

Desenvolvermos algum tipo de expectativa em relação a algo ou alguém é um tanto comum. Pode ser a conquista de um emprego, o futuro de um filho, um encontro com alguém, etc. Da mesma forma, não constitui algo raro experimentarmos a decepção quando nossas expectativas não são atingidas. Desse modo, podemos nos encontrar diante da necessidade de nos refazermos, com maior frequência do que gostaríamos, tendo em vista a decepção estar relacionada a um sentimento que pode nos conduzir ao desânimo.
Portanto, no momento em que nos encontrarmos desanimados, isto é, com a sensação de que não possuímos energia suficiente para nos refazermos e iniciarmos uma nova empreitada, pode ser a ocasião em que seja necessário nos voltarmos para nossos sentimentos mais íntimos. Com tal atitude nos habilitamos a buscar, em nosso foro íntimo, formas diversas de proceder. Isso pode significar a oportunidade de vislumbrarmos possibilidades não observadas anteriormente à dor concernente à decepção.
Há quem seja capaz de se refazer de algo dessa magnitude com considerável agilidade e rapidez. Contudo, pode ocorrer de não nos encontrarmos nesse rol de pessoas com tal habilidade. Assim sendo, talvez seja algo sumamente importante assumirmos nossa inabilidade nesse aspecto e nos permitirmos alguma assistência.
A sociedade atual é em sua maioria individualista, ou seja, na qual precisamos ser capazes de resolver “todos” os nossos problemas e dificuldades sozinhos, tendo em vista sermos os únicos responsáveis por eles. Desse modo, o pensar que para nos refazermos de algo íntimo possamos necessitar de algo “distante” de nós, como um amparo externo, pode repercutir como divergente do modo natural de se proceder.
Mas, ao nos permitirmos experimentar tal atitude, podemos iniciar um modo de agir o qual nos permita exercitar um comportamento, ao menos surpreendente, para alguém habituado a assumir que o valor repousa em sermos totalmente “independentes”.
Fritjof Capra, físico e autor, em seu livro “O ponto de mutação” discorre sobre a interligação à qual estamos todos submetidos. Assim, necessário se faz assumirmos uma posição diferenciada diante desse fato, para que nossas atitudes possam ser consideradas de modo mais cuidadoso, tendo em vista poderem “tocar” o outro de alguma forma.
Então, sendo interligados e nosso “destino” estando vinculado ao dos outros com os quais convivemos, permitir auxílio em um momento de dor diante da decepção com alguma situação, pode constituir a possibilidade de amenizarmos o impacto de nossas atitudes em uma dimensão mais ampla, além da melhoria de nossa condição particular e individual.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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