23 dezembro 2010

EMOÇÕES


Outro dia alguém disse não ser capaz de assistir aos jogos de futebol de seu time predileto. Confessou que assiste aos outros jogos, mas do time em questão não suporta devido às emoções que o tomam de assalto e não o faz sentir-se bem, por isso evita tal exposição. Outra pessoa comentava a respeito dos jogos da Copa de futebol na África e que nesses o barulho de vuvuzelas (buzinas) era uma constante sem qualquer interrupção e que tal fato havia chamado sua atenção, ao que foi informado ser essa uma prática comum no país.
Esses dois episódios são interessantes, pois ambos podem ser analisados a partir do fato de haver emoções represadas, e elas são libertas quando diante das situações de jogo, momento em que somos levados aos nossos extremos na liberação das emoções. Normalmente nos controlamos, para evitar demonstrar emoções mais sensíveis, especialmente o homem ao viver em sociedades em que a masculinidade é associada a não demonstração de emoções consideradas exclusividades do universo “feminino”.
Victor Hugo em seu poema “Desejo” afirma que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Se pensarmos no som constante das buzinas nos jogos na África nos vem à mente o riso constante que se torna insano por perder sua razão de ser. Será que a buzina constante não pode representar uma necessidade desesperada de extravasar emoções e sentimentos contidos e represados ao longo de muito tempo?
Ao longo de nossa vida nem sempre refletimos a respeito da importância em se permitir demonstrar emoções e sentimentos. Vivemos uma época em que ser sentimental pode ter o significado de fraqueza e precisamos ser fortes para nos tornarmos pessoas de destaque entre nossos iguais.
Até que ponto, porém, seremos capazes de bombardear nosso corpo com sentimentos não expressos e suportarmos o preço cobrado por esse mesmo corpo o qual sinaliza com dores e limitações as quais nem sempre somos capazes de associar às nossas emoções. É comum ouvirmos diagnósticos em que determinadas doenças são de “fundo” emocional. Mas, se são mesmo, qual o remédio? Será tão simples apenas saber que tal doença é da ordem do emocional e que, então, cabe somente a nós mesmos a busca da solução do problema?
Talvez esteja mesmo em nossas mãos a possibilidade de resolver o problema. Porém, como colocar em prática? Muitas vezes ao sabermos que somos capazes da solução de nossos problemas angariamos outro: o desespero por não saber o que fazer. A ajuda de um amigo querido nesse momento pode ser de extrema importância e eficácia. Mas o fundamental é aproveitarmos a oportunidade e atentarmos para nós mesmos tentando nos entender, e assim compreender nossas razões para os diversos comportamentos que temos ao observar os sentimentos que os acompanham.
E quando formos capazes de exprimir com maior freqüência as nossas emoções, pode ocorrer de os momentos em que precisamos de atitudes constantes como o riso ou o tocar de uma buzina, tornem-se menos freqüentes e possamos nos sentir mais próximos de nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
25/06/2010

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