23 dezembro 2010

TROCAS


Nem sempre nos atentamos para a amplitude do significado da palavra troca. Em um primeiro momento podemos pensar em trocar algum objeto antigo por um novo, uma roupa, um sapato, um carro ou mesmo a pintura de uma casa. Enfim, podem-se trocar muitas coisas e, dessa maneira, ter algo novo.
A troca de um objeto por outro geralmente proporciona satisfação. Até porque há algo novo envolvido e a novidade normalmente causa, ao menos, algum movimento, mesmo que seja “apenas” uma emoção.
Entretanto, a troca que gostaria de expor é aquela a qual envolve o contato de um ser com outro. Ao nos aproximarmos de alguém há sempre a possibilidade de uma troca. Algumas pessoas se entregam ao carinho de um bicho de estimação devido às poucas solicitações que ele faz. Em troca do carinho que ele lhe dispensa, em um primeiro momento, talvez ocorra a solicitação de um pouco de comida, água ou uma pequena parte de seu tempo.
No contato com outra pessoa, porém, há mais trocas envolvidas e uma questão a se fazer é o quanto estamos dispostos a “doar” em troca do que recebemos quando nos relacionamos com alguém?
É comum, nos dias atuais, nos lamentarmos do pouco tempo para nos envolver mais na vida daqueles que fazem parte de nosso círculo de convivência. Normalmente, quando não estamos bem, procuramos quem possa nos ouvir, amparar e acolher na ânsia de melhorarmos nossas dores e assim nos restabelecermos para continuar nosso caminho.
Contudo outra questão emerge: o quanto estamos dispostos a atentarmos àqueles ao nosso redor e ampará-los, ouvi-los ou acolhê-los num momento de fragilidade?
Os compromissos diversos, a falta de talento, um jeito de ser mais indiferente podem justificar nosso desinteresse pelo outro e por seus sentimentos. Mas até que ponto somos capazes de estabelecer esse tipo de contato com os outros e não nos sentirmos vazios em algum momento de nossa existência. O imediatismo e a velocidade da vida atual nos leva a acreditar sermos imunes e que tais sentimentos não nos alcançarão.
Quando nos distanciamos dos relacionamentos que podem solicitar um pouco mais de nossa disposição e investimento, podemos experimentar algumas sensações nem sempre confortáveis.
As solicitações do dia-a-dia e da vida moderna nos conduzem a ter atitudes às quais nem sempre pensamos nas consequências. Olharmos primeiramente a nós mesmos e aos nossos sentimentos e necessidades em detrimento de quem convive conosco, pode “condenar” a um resultado insatisfatório o que estava ao nosso alcance mudar e tornar-se agradável.
Sempre que nos permitirmos o ir e vir da troca, poderemos perder um pouco. Em contrapartida correremos um risco muito grande de nos relacionarmos de modo mais pleno e experimentar sentimentos que nos completem de modo surpreendente.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
10/09/2010

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