23 dezembro 2010

DE NOVO!


Há alguns anos um seriado de TV infantil apresentava um bebê dinossauro que em algumas ocasiões pedia que repetissem algum comportamento dizendo a frase: de novo! A princípio e superficialmente era cômico. Porém, ao refletir um pouco a respeito dessa necessidade que temos, nem sempre nos damos conta que alguns de nossos comportamentos são reproduzidos para experimentarmos determinada sensação muitas vezes mais.
Quem não dispôs da oportunidade de observar uma criança a qual ao gostar de certa história pede para que lhe contem novamente, ou para ver um filme ou mesmo um episódio de algum seriado repetidamente? Claude Lévi-Strauss, antropólogo, em um estudo sobre mitos e contos de fadas argumenta sobre necessidades emocionais que impulsionam a criança a fazer tal solicitação, de modo que essa experimenta, ao final da tal história, um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de satisfação ou mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.
Se buscarmos na memória não será difícil encontrarmos alguma da qual gostamos e não nos cansamos de rever. A pergunta é: o que em mim se resolve ou alivia quando vejo essa história? Pode ser um filme que assistimos ou mesmo um livro o qual relemos diversas vezes, mas o fato é que ao entrarmos em contato com ela, nos sentimos, de algum modo, bem.
Em um primeiro momento a idéia de sentirmos alívio ou satisfação com histórias fictícias parece surreal. Será que é? Na rotina em que vivemos nem sempre prestamos atenção em detalhes presentes em nós. Certamente temos um tipo de história de nossa preferência seja um romance, ficção científica, vampiros e bruxas ou mesmo simples aventuras, mas o fato é até que ponto esses temas falam por nós ou... para nós?
O exercício de se conhecer mais intimamente pode parecer redundante tendo em vista estarmos o tempo todo em contato com nós mesmos. Mas será que realmente estamos em contato conosco ou estamos apenas “nos deixando levar pelo fluxo” sem maiores atenções aos detalhes ao nosso redor e presentes em nós?
Nem todas as perguntas que fazemos podem ser respondidas de imediato. Algumas questões que elaboramos proporcionam possibilidades de reflexões e, portanto, demandam maior atenção. Porém, o importante é exercitarmos a nos questionar em diversos aspectos, para permitirmos que nos coloquemos em situação de pensarmos a nosso respeito para que sejamos capazes de nos desenvolver em cada contato, seja ele com alguém ou com uma simples e inofensiva história.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
23/07/2010

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