23 dezembro 2010

CONSUMISMO


Sendo a subjetividade o jeito de ser de cada um, esse é construído pelo indivíduo na sua relação com o externo, então o excesso, de maneira geral, interfere nessa construção. O corpo nesse caso constitui um veículo de contato e uma forma de expressão dessa subjetividade e a cultura tem papel fundamental nesse processo. Mídia, consumo, moda, padrão de beleza, imagem corporal e valores permeiam o ser.
Diversas transformações ocorreram, ao longo da história, na construção do ser na sociedade e atualmente há uma ênfase no indivíduo relegando-se o coletivo para segundo plano. Sendo seres sociais e vivendo em grupos, nos constituímos quando em contato. Sendo assim, um contato de qualidade torna-se de suma importância para o desenvolvimento pessoal.
Mas a globalização denota um contexto onde na sociedade de consumo o ter sucesso é fundamental, de forma a ser apreciado quem possui um bem valorizado pela maioria. Desse modo, o ter sobrepõe-se ao ser e o desejo perde seu significado essencial de satisfação, pois atualmente, como afirma Zygmund Bauman em seu livro Amor Líquido, o importante é ter um desejo, e não satisfazê-lo.
A sociedade de consumo necessita de indivíduos consumistas, e de preferência que esse consumo seja desenfreado, beirando a insanidade. Os produtos tornam-se obsoletos e descartáveis de um dia para o outro. A tecnologia avança numa velocidade impressionante e possuir um produto atualizado torna-se um verdadeiro desafio.
Porém, nessa corrida toda, como ficam nossos verdadeiros desejos? Quem queremos ser? Qual profissão escolher? Como quero viver? O que me dá prazer? Essas questões acabam por ficarem sem resposta, pois não há tempo para reflexões mais profundas a esse respeito. Precisamos ter sempre um desejo novo na sociedade que precisa de consumidores ferozes.
E como fica então nossa relação em grupo se o possuir torna-se primordial? Como valorizar quem se aproxima de nós se nossa atenção está voltada para o consumo? Como fazer para mudar essa perspectiva? Mais uma vez é importante lembrar que as possibilidades podem ser “criadas” por nós mesmos. Talvez o começar a pensar sobre esse tema já seja um início significativo, tendo em vista muitas vezes estarmos inseridos em uma rotina que não permite notarmos o que realmente significam as relações diversas estabelecidas com as pessoas e com os objetos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
30/04/2010

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