23 dezembro 2010

EXPOSIÇÕES NA MÍDIA


Vivemos um momento em que a exposição de informações e imagens pessoais tornou-se uma constante. A cada dia surgem mais opções para esse tipo de exposição. Com a internet acessível cada vez mais facilmente e a um número cada vez maior de pessoas, a possibilidade de experimentar a “publicidade” pode assumir uma tentação irresistível na qual nem sempre se avalia as consequências.
Cada vez mais ocorre de informações ou imagens, supostamente de ordem privada, tornarem-se públicas devido a algum ato de má fé, ou ainda de desinformação ou inexperiência do próprio usuário. Nesse momento podem ocorrer sentimentos como revolta e indignação. Contudo, a questão é: o que leva as pessoas, nos dias atuais, a essa busca em tornar público algumas informações que a princípio interessariam somente a quem viveu o referido momento como viagens, festas, ou mesmo o que se está pensando em um momento específico?
Ao refletir um pouco sobre esse tema pode-se analisar uma hipótese sobre a necessidade de nos sentirmos eternizados. A finitude que cerca a existência de qualquer ser vivo assombra desde o primeiro suspiro. Fugir desse pensamento no qual tudo pode ter um fim é uma maneira acalentadora de afastarmos a certeza do fim.
Porém, nem sempre nos atentamos ao fato de que para iniciarmos uma nova empreitada é preciso concluirmos algo iniciado anteriormente. Para nos tornarmos adultos precisamos deixar para traz a adolescência. E para nos tornarmos adolescentes precisamos deixar de lado a infância. É obvio que ao se pensar nisso pode-se ter consciência das perdas que esses fatos representam, mas também significam avanço. Ou seja, sempre que damos um passo a frente em nosso desenvolvimento deixamos algo para traz. As perdas fazem parte das conquistas. O filósofo Heidegger destaca sermos seres-para-a-morte, num trocadilho, podemos dizer que o tempo todo algo morre para uma outra nova poder emergir.
Atualmente o relacionar-se com os outros tornou-se algo demasiado complicado e muitas vezes busca-se relacionamentos superficiais. É comum evitar maiores envolvimentos para prevenir possíveis sofrimentos. Entretanto, somos seres sociais e, portanto, vivemos em grupos. Então nos desenvolvemos quando nos relacionamentos. E fugir de relacionamentos pode nos trazer necessidades de exposição e contato, mesmo virtual, para que essa necessidade humana seja satisfeita. Bauman, sociólogo e escritor, atenta para o fato de a liquidez das relações ser uma constante e destaca as consequências desse comportamento.
Desse modo, é importante estarmos conscientes de nós mesmos, para podermos nos preservar de situações que possam oferecer sofrimentos os quais poderíamos evitar ou ao menos nos prepararmos para lidar com eles. Quanto mais buscarmos modos de nos conhecer maior serão as nossas possibilidades de satisfação pessoal.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
17/09/2010

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