23 dezembro 2010

CONFIANÇA


Zygmunt Bauman, sociólogo e autor, em seu livro Amor Líquido trata da liquidez das relações atuais. As circunstâncias nos direcionam ao consumo de tudo ao nosso redor e, segundo ele, os relacionamentos não poderiam ficar fora desse rol. Ou seja, o modo de nos relacionarmos “toca” nessa necessidade de consumo que temos e buscamos incansavelmente para a satisfação de nossos desejos. Mas na realidade é o gatilho para o despertar de um novo desejo.
Diante disso nos vemos, além de tudo, com um verdadeiro arsenal para nos permitir uma amplitude de acesso a informações que se nos atentarmos chega a assustar. No acesso de um simples “click” pode-se encontrar uma gama de informações que nem ao menos teremos disponibilidade para averiguar tudo. E, para lembrar, essa informação pode ser sobre algo ou alguém.
Vive-se uma necessidade impensada de exposição. Quanto mais pessoas souberem de suas conquistas obtidas, mais satisfeitos podão se sentir, visto que a ideia de sucesso permear a atualidade está diretamente ligada ao número de pessoas que sabem quem você é e o que faz.
Tangente a esses fatores tem-se que lidar também com a desconfiança. Como, em quem e, no que confiar? Até mesmo as imagens que vemos não são confiáveis depois do surgimento do Photoshop. Diante da insegurança buscam-se informações em todos os lugares disponíveis onde não se tem a certeza da fidedignidade dessas.
Então, o que resta é desconfiar e estabelecer relacionamentos que não ofereçam maiores riscos. “Protege-se” de sofrimentos futuros ao estabelecer relacionamentos que não saciam a sede de sentimentos e emoções que se tem. E dessa forma, ao mesmo tempo em que se garante a ilusória segurança, priva-se de um viver intensamente, ao imaginar que a possibilidade de usufruir a vida estará sempre à disposição.
O viver intensamente que permite o contato com emoções diversas exige investimento pessoal e riscos. Não é possível garantias de satisfação e felicidade plena às quais buscamos. Porém, o privar-se de sofrimentos futuros pode impedir também a possibilidade de viver sensações desconhecidas que podem surpreender por serem agradáveis.
Então, não há uma receita pronta a se seguir, mas uma gama de possibilidades para se buscar conhecer. E que pode iniciar-se com um olhar para si próprio e a busca de sentimentos que podem estar apenas esperando um pequeno espaço para se manifestarem.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
03/09/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário